O Símbolo dos Apóstolos, depois
de proclamar a fé da Igreja em Deus Pai e Criador, continua expressando a mesma
fé “em Jesus Cristo, seu único
Filho, nosso Senhor”. Tanto nesta versão do Credo como no Símbolo
de Niceia-Constantinopla, a
parte que se refere ao Filho é a mais longa. Nela são repassados os mistérios
da incarnação de Jesus Cristo (que foi concebido pelo poder do Espírito
Santo; nasceu da Virgem Maria), da sua acção
salvadora e redentora (padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia) e da sua glorificação
e poder de julgar (subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há-de vir a julgar os
vivos e os mortos).
Estes mistérios
da vida de Cristo e da sua acção em favor da humanidade são celebrados ao longo
de todo o ano, mas podemos também situá-los nos principais tempos e festas
litúrgicas: a incarnação, no Natal;
a acção salvadora e redentora, no
Tríduo Pascal; a glorificação e poder de
julgar, na Ascensão e também na solenidade de Cristo Rei.
Em
pleno Ano da Fé, neste tempo do Advento que nos conduz ao Natal, somos
convidados a aprofundar de modo especial o mistério da incarnação do filho de Deus: quem é Jesus Cristo, porque é que Ele
se fez homem, que veio fazer a este mundo, o que significa a palavra incarnação (ou encarnação)? O Catecismo da Igreja Católica (CIC) responde:
«Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome “Jesus” significa “Deus salva”.
Exprime a sua identidade e a sua missão, “porque é Ele que salvará o seu povo
dos seus pecados” (Mt 1,21). Pedro afirma que “não existe debaixo do céu
outro Nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (Act 4,12)»
(Compêndio do CIC, n.º 81).
«“Cristo” em grego, “Messias”
em hebraico, significa “ungido”. Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus,
ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado
por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, precisando
porém o seu sentido: “descido do céu” (Jo 3,13), crucificado e depois
ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor “que dá a sua vida em resgate pela
multidão” (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos»
(Compêndio do CIC, n.º 82).
«O Verbo fez-Se carne para
nos salvar, reconciliando-nos com Deus» (CIC, n.º 457); «O Verbo fez-Se carne,
para que assim conhecêssemos o amor de Deus» (n.º 458); «O Verbo fez-Se carne, para ser o
nosso modelo de santidade» (n.º
459); O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da
natureza divina» (n.º 460) (cf.
Compêndio do CIC, n.º 85).
«A Igreja chama ‘Encarnação’ ao mistério da admirável união da natureza
divina e da natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a
nossa salvação, o Filho de Deus fez-se ‘carne’ (Jo 1,14) tornando-se
verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã»
(Compêndio do CIC, nº 86; cf. CIC, n.º 461).
Neste tempo, reflectimos
também sobre o significado da sua primeira
vinda e da segunda, a que chamamos Parusia,
em que Ele virá com toda a sua glória julgar os vivos e os mortos. A este
propósito, convido os leitores a ler (ou a reler) as reflecções sobre o Advento
publicadas no blogue DUC IN ALTUM (http://maranus2005.blogs.sapo.pt/),
uma que tem por título O Advento
convida-nos à esperança (6 de Dezembro de 2009) e a outra com o título As três vindas de Cristo (22 de Dezembro
de 2009).
Na solenidade do Natal,
na Missa do Dia, escutaremos, não a narração do nascimento de Jesus conforme
vem relatado nos Evangelhos de São Mateus e de São Lucas, mas o belíssimo
prólogo do Evangelho de são João (Jo 1, 1-18), que numa linguagem profundamente
teológica, nos diz quem é este Jesus Cristo que nós adoramos como Filho de
Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Procuremos escutar com atenção
esse texto, meditando bem nas suas palavras. Será uma das melhores formas de
vivermos e celebrarmos o mistério do Natal do Senhor.
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