Caros Diocesanos, que acreditais no Filho de Deus, desejo-vos
Feliz Natal do Senhor e um Ano Novo cheio de bênçãos, peço que sejais fiéis a
Cristo, eviteis o fermento pagão que troca a fé cristã por ídolos e bugigangas,
caindo no hedonismo, na indiferença e no eclipse de Deus, como cidadãos dum mundo
cruel, sem esperança e desorientado.
1.-No Ano da Fé exorto-vos
a reconhecer as razões de crer na Encarnação, que revela o mistério de Deus Uno
e Trino e “Jesus Cristo, Filho Unigénito
de Deus, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu
da Virgem Maria”. Um hino conta
assim o Natal de Jesus: “do seio da
Virgem Maria nasceu a divina graça, o Verbo entrou e saiu, por ela, como o sol,
pela vidraça”. Natal e Páscoa celebram o início e a novidade do Filho de
Deus, feito homem, morto e ressuscitado, o qual, na Páscoa, pelo poder do Pai e
do seu Espírito, glorificou a humanidade assumida, no seio virginal de Maria, pelo
poder do Espírito Santo. Celebremos o mistério do Filho feito carne, sendo mais
solidários, respeitadores e amigos dos outros e patrocinadores do bem comum.
2.- Há que fugir do Natal pagão, frustrante e sem coração, obra
do eclipse de Deus, da indiferença, relativismo e secularismo que reduzem a fé à
esfera privada, trocando-a pelo hedonismo, sem ascese, simplicidade, amor e solidariedade.
Não reduzir o Natal a futilidades, dominados por intuitos de expulsar Deus do mundo
e corroer a fé cristã na Encarnação do Filho de Deus. Há que dar ao Menino Deus
o lugar que Lhe pertence, para Ele nos seduzir e guiar na prática das obras de
misericórdia, na solidariedade e promoção do bem comum e no respeito das pessoas,
por causa dais quais o Filho de Deus nasceu, se fez homem, passou pela terra
fazendo o bem, morreu e ressuscitou.
Impregnados do espírito do mundo, da vil comercialização de
sentimentos e atitudes e do paganismo desenfreado, os cristãos, inconscientes, vão
a reboque e toque de caixa, como rebanho de encolhidos, indiferentes e complacentes,
manobrados, pela opinião pública dominante, voltando as costas à verdade e
grandeza do Evangelho, enterrando a luz de Cristo, envergonhando-se d’Ele,
dando razão ao que já Freud dizia: “os
cristãos são um rebanho de mal baptizados, que vivem e praticam um politeísmo
bárbaro”.
3.- Na grave situação económica e na crise de valores transcendentes,
há que apostar no conhecimento e trabalho em rede, cientes do que celebramos e da
missão do Filho de Deus que encarnou, se fez um de nós, procurando dar razão da
esperança que d’Ele provém e para Ele se dirige, neste mundo desumano,
desorientado, triste e sem alma.
É tempo de apostar na moderação, escolha e sequela do
essencial, na ajuda mútua e abertura ao próximo, na procura do bem comum, na
apreciação dos valores perenes da verdade, justiça, liberdade, respeito mútuo e
solidariedade humana. Há que abrir os olhos, ver o próximo, com coração, acabar
com a injustiça e socorrer os necessitados.
4. – Natal e Páscoa são festas do Senhor e centros dos ciclos
litúrgicos da Encarnação e Redenção. Ressurreição e Nascimento Virginal, pelo
poder do Espírito Santo, são duas novidades inefáveis do Filho de Deus que, na
Encarnação, no seio virginal de Maria, assume a nossa humanidade e na Ressurreição
a glorifica e entroniza à direita do Pai. O Natal e a Páscoa devem converter-se
em pulmões que nutrem a piedade, alimentam a
esperança e a caridade e são a razão de ser do nosso íntimo viver e crer
em Cristo.
A Igreja celebra o Natal de Jesus, exorta à conversão e alegria
de servir, dando a vida, como o Senhor da Vida e Filho de Deus o fez, ao
nascer, morrer e ressuscitar, por nós. A mensagem de paz e alegria dos Anjos
aos Pastores é Palavra à espera de ser ouvida, assimilada e vivida, para produzir frutos de boas obras.
Com ardentes e fervorosos votos, na alegria de Deus Menino e
da Virgem Imaculada que O deu à luz, Vos saúda e Vos deseja um Feliz Natal o
Vosso amigo e irmão bispo.
Vila Real, Festa da Imaculada Mãe do Filho de Deus, 8 de
Dezembro de 2012
+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real.
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