FALECEU O SENHOR DOM JOAQUIM GONÇALVES
BISPO EMÉRITO DA DIOCESE DE VILA REAL
Faleceu hoje,
pelas 16.00h, na Póvoa de Varzim, onde residia com o irmão padre e uma irmã,
enfermeira aposentada, vítima de ataque cardíaco.
Naturalidade
Nasceu aos
17.05.1936 na freguesia de Revelhe (lugar de Cortegaça, concelho de Fafe,
Arquidiocese e Distrito de Braga, filho de António Gonçalves e de Albertina
Rodrigues Ferreira e Melo, sendo o terceiro de oito filhos.
Na aldeia fez a
escola primária.
Estudos
Desde 1948 a
1960 frequentou e concluiu os cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia nos
Seminários Arquidiocesanos de Braga, sendo ordenado Presbítero aos 10.07.1960,
na capela do Seminário Conciliar de Braga.
Nesse mesmo ano
foi nomeado Coadjutor da paróquia de S. José de Ribamar – Póvoa de Varzim, e
professor de Educação Moral e Religiosa Católica no então Liceu Eça de Queiroz
até 1976, sendo também Assistente local do CNE (Escutismo Católico Português) e
das ENS (Equipas de Nossa Senhora) e do CPM (Centro de Preparação para o
Matrimónio), deste em plano nacional.
Em 1974
licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
disciplina que leccionou nas Escolas Secundárias de Barcelos, Eça de Queiroz na
Póvoa de Varzim e Sá de Mirande em Braga, de que foi professor efectivo.
Vida episcopal
Em 18 de
Outubro de 1981, na cripta da Basílica do Sameiro (Braga, foi ordenado Bispo
Auxiliar de Braga, com o título de Ursona (Osuna, cidade vizinha de Sevilha),
sendo o primeiro bispo natural do concelho de Fafe.
Trabalhou na
Arquidiocese até 1987 e em Maio desse ano foi nomeado Bispo Coadjutor de Vila
Real, de que tomou posse canónica aos
24.061987, e onde entrou solenemente aos 28 do mês de Junho desse ano.
A 18.01.1991
tornou-se o 4.º Bispo da Diocese.
Na Conferência
Episcopal Portuguesa foi membro da “Comissão
Episcopal das Migrações e Turismo”,da “Comissão
Episcopal de Liturgia e Presidente da Comissão Episcopal das Missões”e fez
parte do Conselho Superior da
Universidade Católica Portuguesa
Em 13.10.1987,
ainda Bispo Coadjutor, dava início à publicação da IGREJA DIOCESANA - Folha de Informação e Comunhão Pastoral da
Diocese de Vila Real, em folhas fotocopiadas. O último número data de Dezembro de 1993. Reapareceria mais
tarde com o mesmo título, como Jornal trimestral e ainda continua..
Organizador e
organizado, em Abril de 1989 publicava os Estatutos
do Arciprestado, acompanhou muito de perto a revisão dos Estatutos do Conselho Presbiteral, publicados na
segunda versão e a primeira depois da publicação do novo Código de Direito
Canónico, em 1989, aprovados pelo senhor D. António Cardoso Cunha. Promoveu
festa de homenagem e despedida ao senhor D. António Cardoso Cunha, em 16 de
Fevereiro de 1991, que, devido às disposições conciliares, pediu a resignação
aos 75 anos e lhe seria concedida a 19 de Janeiro 1991.
O Centro Católico de Cultura seria
criado em Novembro de 1991; em
Junho de 1991 foram os Estatutos do
Conselho Económico Paroquial.
Citemos ainda
os Planos de Pastoral, com sugestões
para as próprias actividades a realizar, ao longo de vários anos.
Para o Clero
instituiu as recolecções mensais, o Dia de Retiro no princípio da Quaresma e
animou a construção da Casa para o Clero idoso ou doente.
Trabalhos publicados
Durante os anos
de vida académica colaborou nos jornais rgionais: Povo de Fafe e Diário do
Minho, e já sacerdote, no Seminário Ala
Arriba da Póvoa do Varzim, e na revista de pastoral Celebração Litúrgica (Braga).
Publicou no «Boletim do CPM» um trabalho de pastoral
social sobre “A Dimensão Social do
Matrimónio” e um outro sobre “O Apostolado do Doente” no II Congresso de
Problemas de Apostolado, em Braga.
Do seu
magistério episcopal há algumas homilias publicadas no Boletim oficial da
Arquidiocese de Braga – “Acção Católica”
e tem colaboração variada, ao longo dos vários anos de Bispo em Vila Real, no
semanário “A Voz de Trás-os-Montes”
e, muitas vezes, no pequenino Boletim “Ave
Maria”.
Publicou, por
ocasião dos 75 anos da Diocese, a Pastoral «Um
Povo em Festa», na Páscoa de 1993, a reflexão pastoral sobre as Festas Religiosas – texto de reflexão e
normativo e um livrinho, muito simples, acessível a todos, sobre o Baptismo.
Possui inéditos
alguns textos poéticos, um deles – A
Noiva do Marão – musicado para uma cantata por J. Santos e executada em
Roma, A Travessia – poema Transmontano – por ocasião do”XXV aniversário da minha Ordenação”, em
18 de Outubro de 2006, em oratória, publicada em livro e em CD, executada em
Roma (onde foi gravada) e em todos os concelhos da Diocese. .
Lembremos ainda
os opúsculos sobre os Vitrais da
Catedral, sobre a Igreja do Carmo,
em Vila Real e o Outro Jonas onde
revive a experiência da passagem à vida, quando do transplante.
Não é possível
referenciar tudo… tão vasta e variada é a sua obra.
Homem experimentado no sofrimento
Quando veio
para Vila Real, acompanhava-o uma preocupação: a sinusite que o perseguia desde
há anos. E, de facto, numa das primeiras noites sentiu-se mal. Chamado o médico
do Seminário, o já falecido Dr. Campos (Filho) disse-lhe: “Senhor Bispo, não se trata de sinusite, ou eu me engano muito ou é do
coração. Consulte quanto antes um bom cardiologista. Olhe que as coisas não
estão bem”. E no dia seguinte foi ao Porto e já não voltou para Vila Real
sem a operação às coronárias. A 12 de Janeiro de 2008, é novamente operado,
desta vez para receber o transplante, o 1.º em Portugal numa pessoa com idade
tão avançada. Foi o sucesso que lhe permitiu viver até hoje.
A Igreja e a
Diocese perdem um grande bispo, de palavra fácil, bom comunicador, com grande
capacidade de adaptação ao auditório, acessível à gente mais simples, com um
sentido muito grande de pastoral.
Senhor Dom Joaquim, a Diocese de Vila
Real está-lhe muito grata e pede ao Senhor da Messe e Cabeça da Igreja que lhe
abra as portas do seu Reino.
Vila Real, 31
de Dezembro de 2013