Iniciamos a publicação de uma série de artigos que têm como finalidade
ajudar-nos a viver este Ano da Fé. Como nos diz o Santo Padre, ele «será uma ocasião
propícia para introduzir a totalidade da estrutura eclesial num tempo de
particular reflexão e redescoberta da fé» (Carta Apostólica Porta Fidei [Porta da Fé], n.º 4). Com
tudo o que ao Ano da Fé está associado (50.º aniversário da abertura do
Concílio Vaticano II, 20.º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja
Católica, realização em Outubro do Sínodo sobre A nova evangelização para a transmissão da fé cristã), temos à
nossa disposição um grande manancial no qual podemos beber em cada dia deste
ano a água viva e sempre fresca da descoberta e seguimento de Cristo.
Antes de mais, convém lembrar
que ter fé implica acreditar em algo ou alguém. Porém, não se trata apenas de
acreditar na existência de qualquer ser, mas em apostar tudo em quem (ou
naquilo que) se acredita. Assim, ter fé em Deus é acreditar que Ele existe e
n’Ele encontramos a razão de ser e o sentido para a nossa vida.
Sabemos tudo isto porque Ele
próprio no-lo deu a conhecer, revelando-se, intervindo na nossa história e
enviando o seu Filho ao mundo. É o que nos recorda a Epístola aos Hebreus: “Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus
aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que
são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho...” (Heb 1, 1-2). E por
que motivo é que Deus se quis revelar? Responde-nos o Catecismo da Igreja
Católica (CIC): “Revelando-se a si mesmo,
Deus quer tornar os homens capazes de lhe responderem, de o conhecerem e de o
amarem, muito para além de tudo o que seriam capazes por si próprios” (CIC,
n.º 52).
Os cristãos também acreditam
que Jesus Cristo é o Verbo (a Palavra) que se fez homem e habitou entre nós (cf. Jo 1, 14), para nos
dar a conhecer quem é o verdadeiro Deus e provar o seu amor por nós dando a
vida na cruz e ressuscitando. A morte e ressurreição de Jesus constituem o
acontecimento mais importante da nossa salvação. Numa síntese antiquíssima que encontramos
na 1.ª carta aos Coríntios, S. Paulo diz o seguinte: “Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei, que vós recebestes,
no qual permaneceis firmes e pelo qual sereis salvos, se o
guardardes tal como eu vo-lo anunciei; de outro modo, teríeis acreditado em
vão. Transmiti-vos,
em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras”
(1Cor 15, 1-4). Na celebração da Eucaristia, os cristãos continuam a professar
esta mesma verdade de fé. Depois da consagração, ao convite que lhe dirige o
Presidente (“Mistério da fé!”), o
povo responde com a aclamação: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte,
proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”.
Além dos testemunhos bíblicos
da fé no Deus revelado por Jesus Cristo, ao longo dos tempos a Igreja foi
formulando outros resumos das
verdades da nossa fé. O Catecismo da Igreja Católica (Compêndio), no n.º 34,
pergunta quais são os mais antigos símbolos da fé. E responde: «São os
Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado <em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo> (Mt 28,19), as verdades de fé neles
professadas estão articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da
Santíssima Trindade».
A fórmula de
profissão de fé que nós conhecemos melhor, porque a repetimos na Eucaristia de
cada domingo, é o Credo. Existem duas formas de o rezar. A mais breve é
conhecida como o Símbolo dos Apóstolos, “assim chamado porque
se considera, com justa razão, o resumo fiel da fé dos Apóstolos. É o antigo
símbolo baptismal da Igreja de Roma. A sua grande autoridade vem-lhe deste
facto: «É o símbolo adoptado pela Igreja romana, aquela em que Pedro, o
primeiro dos Apóstolos, teve a sua cátedra, e para a qual ele trouxe a
expressão da fé comum»” (CIC, n.º 194; Compêndio, n.º 35).
Eis o texto do Símbolo
dos Apóstolos:
Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
e na vida eterna. Amen.
A forma mais longa é a que nós usamos habitualmente na Missa
dominical. Chama-se Símbolo de Niceia-Constantinopla
e “deve a sua grande autoridade ao facto de ser
proveniente desses dois primeiros concílios ecuménicos (dos anos de 325 e 381).
Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do
Ocidente” (CIC, n.º 195; Compêndio, n.º 35).
Neste
Ano da Fé, ao rezarmos o Credo, na forma longa ou na mais breve, pensemos bem
nas verdades de fé que professamos. E durante o mês de Novembro, o mês das almas, peçamos a Deus que
reavive e fortaleça a nossa fé na ressurreição e na vida eterna.
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