Mensagem Quaresmal, no
Ano Jubilar da Misericórdia
Irmãos e Irmãs! Exorto-vos a viver, em união, com Cristo, para
serdes novas criaturas: “Revesti-vos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão
e paciência, suportai-vos e perdoai-vos, mutuamente, se houver razão de queixa contra
Vós e perdoai, como Deus Vos perdoou” (Col.3,12-13). Escutai a Palavra de Deus,
como Maria Santíssima o fez. O Papa Francisco, na sua mensagem da Quaresma, recorda-nos
que Deus prefere a obediência e a misericórdia ao sacrifício (Mt.9,13).
1.- A Quaresma, como itinerário de Quarenta Dias, rumo à Páscoa,
na fé e esperança da vida gloriosa, abre o ciclo litúrgico da redenção. Como Israel,
a caminho da terra prometida, com Cristo que fez a vontade do Pai, dando-nos o exemplo,
peregrinemos, com sobriedade, na conversão, solidariedade e sentimentos de
misericórdia e piedade. Não há Quaresma, sem Deus e vida gloriosa, nem Páscoa, sem
morte, jejum, esmola, imitação e sequela de Cristo. O egoísmo, auto-suficiência
e indiferença geram avareza, luxúria, inveja e violência e matam o altruísmo. O
egoísta é escravo do mal, violento e intolerante. Sem amor a Deus e ao próximo,
só há impunidade, lei da selva e violência. Se Deus não existe, tudo é
permitido, diz Dostoievski, o outro é coisa descartável e venal e a esperança na
vida ultra-terrena morre, no egoísta e libertino, que obedece ao programa cínico
do “comamos e bebamos que amanhã morreremos”.
2.- Escutai a Palavra de Deus. Crescei na santidade, abertos
à misericórdia e ao diálogo. A aliança, com Deus, brilha, na misericórdia e vontade
salvífica do Pai, clemente e compassivo e revela-se em Seu Filho, cume da
revelação. Quem vê Jesus vê o Pai, pois, ambos são um só. A misericórdia divina
é anunciada ao mundo, pelos que crêem no Filho e testemunham diálogo, solidariedade,
compaixão e sobriedade, renunciando ao supérfluo e ao esbanjamento, para os
pobres terem o necessário, segundo o destino universal dos bens, de que fala a
Doutrina Social da Igreja. O Filho de Deus, amou, fez o bem e deu-nos o exemplo
de vida santa, abnegada e solidária. Imitemos a compaixão de Cristo, pois, é desumano
e blasfemo matar, ofender e fazer o mal, em nome de Deus, Supremo Bem, Verdade
e Beleza. Devemos, antes, cumprir a regra de ouro “não fazendo ao outro o que
não desejamos que o outro nos faça a nós”. O amor a Deus exige o amor ao
próximo, que é a prova que O amamos, pois, “o que não ama o irmão que vê, não
pode amar a Deus a quem não vê” (1 Jo 4,20).
3.- Exorto os Sacerdotes e os Fiéis da Diocese a apreciar e frequentar,
assiduamente, o Sacramento da Reconciliação, que é o Sacramento da Alegria e da
Cura interior, cuja importância o conhecido escritor francês, Alphonse Daudet, autor
de “Lettres de mon Moulin”, vincadamente sublinha, no conto “O Cura de
Cocugnan”. Precisamos de ser perdoados, purificados do pecado, de ser guiados e
experimentar a alegria do perdão e misericórdia de Deus. Os Padres confessem-se,
de mês a mês, e vivam, rectamente, uma vida santa. Na medida em que puserem em
prática a vontade de Deus e viverem segundo a recta consciência, conquistarão os
outros, para Cristo. Não se pode oferecer a outros o que não queremos para nós.
Se queremos que outros aceitem o perdão e a misericórdia de Deus, abeiremo-nos
nós mesmos, queridos Padres, do Sacramento da Penitência, testemunhando que
somos pecadores e beneficiários do perdão de Deus.
4.- Promover Vias Sacras, Procissões Penitenciais, Peregrinações
a Santuários, Retiros e Reflexão, Visitas a Doentes e levar-lhes o Viático e a
Unção dos Enfermos. Assegurar a Adoração Eucarística, as Quarenta Horas, “Laus
Perene” e o “Dia para o Senhor”, que o Papa recomenda. Peço aos Padres para
serem acolhedores, misericordiosos e piedosos instrumentos da infinita compaixão
de Deus. “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”.
5.- S. Paulo pediu a Colecta, para a Igreja de Jerusalém,
como sinal de solidariedade e co-responsabilidade. No ano 49 da nossa era, no
Concílio de Jerusalém, foi pedido o donativo, em prol dos pobres. Os diversos
Peditórios têm fins próprios e são sinal da co-responsabilidade eclesial,pelo
bem comum. Eles fazem parte da vida do cristão, que não se compreende sem a
partilha, a compaixão e a misericórdia.
Além dos Peditórios, como o de Sexta Feira Santa, para os
Lugares Santos e outros, como o Contributo Penitencial da Abstinência da
Cruzada, dado ao Bispo, os Fiéis ao longo do ano pratiquem a Renúncia
Voluntária, dêem o donativo, que entenderem, para o fim indicado, cada ano,
pelo Bispo, cientes de que as necessidades são muitas, cultivando a compaixão e
ajudando os indigentes, filhos predilectos de Deus.
Durante o Ano de 2016, a Renúncia Diocesana dos Católicos da
Diocese de Vila Real será destinada, em partes iguais, para as seguintes
instituições e necessidades:
1º – para o Centro de
Apoio à Vida “Florescer”, na ajuda à vida humana, nascente e em todas as suas
fases e auxílio, aconselhamento e acompanhamento das mães;
2º - e para ajuda do
Seminário de Vila Real, necessitado de obras, e para promover e acompanhar as Vocações Sacerdotais
e Ministeriais Diocesanas.
Estas duas intenções foram as do primeiro bispo, D. João
Evangelista de Lima Vidal, que fundou as Florinhas da Neve, que, no dia 8 de
Dezembro, completaram 90 anos de existência, e lançou os alicerces do Seminário
de Vila Real, que é o coração da Diocese.
Que Deus Vos abençoe e ajude a amar a verdade, a praticar o
bem, a ser solidários, a ser abertos e misericordiosos, a praticar o bem e a crescer
em santidade e rectidão. Deste modo a Vossa Quaresma será santa, benéfica e
agradável a Deus.
Vila Real, 28 de Janeiro de 2016.
+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real.
Sem comentários:
Enviar um comentário