sábado, 14 de dezembro de 2013

MENSAGEM DE NATAL DO SENHOR BISPO DE VILA REAL


Apóstolos captados e marcados pela alegria de Jesus Cristo

Diz o Papa, na recente Exortação Apostólica Pós-Sinodal que a “Alegria do Evangelho”, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária (n.21). De facto, a Boa Nova de Cristo, gratifica, é digna de crédito, fecunda e base da esperança, que se alicerça na Palavra de Deus que interpela, nos leva para fora de nós, a acolher e a anunciar o dom recebido do amor, que sempre comunicável, convidativo, que leva ao êxodo, à saída, ao dom de si, enriquecendo quem o dá e quem o recebe.
1. - A Igreja de Deus, enviada, por Cristo, em missão e animada, pelo Espírito, escuta, recebe, vive, anuncia e espelha a alegria messiânica da libertação, vinda de Deus, para mover os corações e ser transmitida, por irradiação e contágio. Esta alegria salvífica faz parte do núcleo do mistério do Natal e foi anunciada à Virgem Maria e aos pastores. Os discípulos de Jesus comunicam-na, após a Páscoa, para que todos a transmitam e a recebam, crendo e beneficiando da eficácia da morte e ressurreição do Senhor, que se revela, no júbilo e união da Igreja, que vive da fé no Ressuscitado, na esperança do Seu retorno. Certos de Jesus estar vivo e dar a vida e a glória do Pai, como as testemunhas oculares, repletos de alegria anunciamos o júbilo e a esperança da Vinda do Senhor. Os discípulos que sucedem aos Apóstolos e ás testemunhas oculares transmitem a alegria do testemunho recebido, dando de graça o que de graça receberam, fiéis e obedientes ao mandato missionário do Ressuscitado que enviou amigos, seguidores e discípulos, pelo mundo inteiro, a testemunhar a maravilha do Seu amor e a grande alegria da Sua Vinda e Ressurreição: “Ide, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo o que vos tenho mandado” (Mt 28, 19-20).
A Igreja de Cristo vive, sempre, em êxodo, de saída para as periferias, ao encontro dos homens necessitados, famintos da verdade e amor, que só Cristo lhes assegura. Ele é o amor e a verdade, por excelência, que está no seio do Pai, donde provém, para, por Ele e n’Ele, obtermos a vida divina, que é dada aos que crêem no Filho de Deus. A Sua vinda, morte e gloriosa ressurreição são a razão de ser da perene alegria e salvação. Esta grande alegria, que muda e converte os corações, é evangelizadora, transmite o evangelho da libertação, a grata e boa notícia vinda até nós, a modificar e aperfeiçoar tudo e a dar esperança e sentido à vida humana e terrena.
2.- A Palavra de Deus, que ilumina e interpela o homem, convida-o, sempre, a sair de si e da casa, a deixar-se a si mesmo, a descentrar-se, a despojar-se e a ir ao encontro do outro e da terra, que Deus promete, mostra e assegura, como dom da Sua bondade. Assim sucedeu, com Abraão, Moisés e os Profetas, convidados a deixar a terra, a ir e a sair, rumo à terra que Deus lhes prometeu e para a missão, que lhes confiou. Como diz o Papa: “somos chamados a aceitar o convite a sair da comodidade e à coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (n. 20).  
Deus tem, sempre, a iniciativa, está e deve estar, sempre, em primeiro lugar, devendo o discípulo de Cristo ser devorado pelo desejo de tornar Deus conhecido e amado, dando a conhecer o Seu divino Filho e nosso Salvador, Mestre e Senhor. A alegria, que foi anunciada, pelos Anjos aos pastores de Belém e vivida pelos Discípulos, que viram Jesus Ressuscitado, nasce e expande-se, graças ao encontro, na doce intimidade e união, com o Ressuscitado. A alegria provém do encontro com Deus, do Seu amor que nos toca, que de nós se apodera e que nos amou primeiro.
3.- A Igreja de Deus, enviada pelo Ressuscitado a fazer discípulos, a baptizar, ensinar e dar testemunho do mistério do amor de Deus, manifestado, em Seu Filho, que desceu dos céus, para procurar e salvar os doentes, perdidos e pecadores, não se deve fechar em si mesma, acabrunhada, a anunciar a morte e o desespero, sempre triste, depois do Seu Mestre, Senhor e Esposo, livremente, se ter entregado, por nós, em redenção, fazendo o bem e assegurando ao mundo a esperança e a alegria.
As Paróquias e Famílias devem ser escola, púlpito, espaço de comunhão e participação e criar proximidade e solidariedade das pessoas, formando os agentes da missionação e transmitindo aos outros a vivência e o anúncio de Cristo. É Cristo, que, pelo Seu Espírito, nos galvaniza, move e suscita, em nós, a alegria messiânica, que provém da Fé na Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição do Filho de Deus glorificado que está connosco, vive e actua na Igreja, irradiando a alegria e a caridade de Deus, no mundo.
4.- Já, em pleno Advento, à espera do Natal, na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santíssima, padroeira da Diocese, que é o pré-anúncio e a aurora da Vinda e da Encarnação do Filho de Deus, exorto a anunciar, testemunhar e a fazer discípulos de Cristo. Peço, para colocar os bens salvíficos, que Deus nos dá, em prol dos que vivem nas periferias da ignorância, do abandono, da solidão, do desespero e da pobreza material, moral e espiritual, cientes de que a Luz de Deus brilha, nas trevas, para ser recebida e tornar filhos e herdeiros, não nascidos da carne, do sangue ou da vontade humana, mas de Deus (Jo 1,13), a fim de que a Sua de Cristo, que, em nós, se espelha, brilhe diante dos homens e todos se congreguem na glória e alegria de Deus Pai.
Desejo aos caros Diocesanos a alegria, a paz e as bênçãos, que os Anjos comunicaram aos pastores de Belém, para que o Evangelho de Jesus converta as consciências e os corações, participando da glória e dos frutos da Sua vinda, dando aos outros o nosso testemunho de amor fraterno, na alegria redentora da missão cristã.

+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real

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